sexta-feira, 18 de abril de 2008

Há que se registrar o momento. Noite fria, não atípica, trovão, buzina. Trilha de filme. A sombra volta para iluminar com um relampago, uma lâmpada, uma vela ou um candeeiro. As gotas caindo também se pegam num esforço inútil de fazer previsões para humano nenhum.
Os objetos falam, os lugares falam. Sibilam procurando quem disposto a ouvir. As palavras não dão conta das coisas. Um olho não, um olho ecoa. Uma sensação não, uma sensação ecoa. Um sentimento não, um sentimento ecoa.
As palavras não, as palavras ficam e caem, por que não tem onde se segurar. Algumas se agarram num olho, numa sensação ou num sentimento e vão plainar por aí. Sim, as coisas se derivam no plainar. Sem destino, com intenções. Chegar sem peso. Ecoar.
Mais que a altura, o peso, a largura, o tempo: os ecos se juntam para fazer outras coisas, se tornarem-se indizíveis na boca de outras pessoas. Nisso se resume sua força vital. Os ecos não morrem por serem vampiros do tempo e o tempo não morre por que manda recado pelos ecos.
Quando um eco-alfa passa pelo eco-beta trocam uma idéia. Assim acontece com todos os ecos batizados com alfabeto grego, latino ou hindu. Por isso é que andam em revoada, batem asas e vão-se embora.