domingo, 1 de março de 2009

E no meio do caminho

Enxergar o óbvio deveria ser como descalçar sapato trocado, tirar roupa apertada, cisco do olho.
Queria que o óbvio caisse bem nas minhas mãos com surpresa, mesmo com a surpresa de uma topada. Com a unha arrancada, mesmo assim, eu não iria reclamar - eu digo, não iria reclamar muito...
Mas, o óbvio é o mais difícil de ser ver, eu não vejo.
Tropeçar no óbvio deve mesmo parecer com tropeção em pedra - você fica meio quase caindo, ou cai, e xinga alto-sonoro por que não viu antes - tem que xingar, faz parte! A pedra bem ali, do seu lado e você não viu. A maldita pedra lá o tempo todo.
Dia desses eu tropecei numa, dessas que alguém ou providencia divina largou por ai. Conversei com ela e tudo, achando que era óbvia mas era uma pedra, e só.
No meio do caminho tinha uma pedra, e era óbvio que eu iria topar, e -óbvio- xinguei muito , fiquei com o dedo sangrando nada das revelações.
Guardei a pedra no bolso, sei lá, vai que preciso pra jogar em cachorro ou ela resolve falar.